31 agosto 2007

Choro... palavras

Olha-me nos olhos...
...
Partiste!
Bates-te a porta
sem despedidas.
Criaste feridas...
Desarrumaste-me.
Procurei-te em vão...
Por fim,
sem ganas de te encontrar
jurei-me então
não ceder às emoções...
Olha-me nos olhos...
Vês? Nada... Seco de lágrimas!
Espera...
Olha-me nos olhos... apenas nos olhos,
que eu choro palavras!


Ricardo Goulart Sousa
Vila Real
31 Agosto 2007

27 agosto 2007

Adeus!

Vejo-te sentada no teu lugar junto à janela... O "agora" adormece e o mundo colapsa. Tudo é presente... Nada mais existe para além do nós! O que vivemos está tão recente e ao mesmo tempo tão longiquo... Teus olhos brilhantes fixados em mim discursam... Dizem tudo o que querias, tudo o que eu queria ouvir... e perante tal eloquência sinto-me desfazer!... Tudo o que resta é uma aparencia, qual noz apodrecida, à qual me agarro.
Não vou chorar!
Não posso chorar!
O barulho seco e rouco do motor quebra o transe, despertando o tempo. São horas de seguir!
Não! Espera...
Há tanto por fazer! Há tanto por amar!
A casca começa a quebrar e debato-me para manter os pedaços juntos... Só mais um momento...
O autocarro decide, então, fazer-se à estrada!
Consegui!
Sem forças, vejo-te partir... Deixo, por fim, escorrer as lágrimas!
Deixámos de existir...
Tornámo-nos memória!
Tornámo-nos eternos...


Ricardo Goulart Sousa
Vila Real
27 de Agosto 2007

22 agosto 2007

Sufoco

Sentimento esquecido,
perdido,
no ínfimo do meu ser,
desperta, e subitamente,
sem qualquer aviso ou pedido
começa a crescer.
Porquê?
Não o sei e seio-o bem!
Como semente, germina,
adubada pelo tempo,
espalhando raízes
com quantas forças tem...
Bela!
Delicada?
A princípio...
Mas bem alimentada,
não tardo a tornar-me incapaz
de a manter alojada.
Ameaçadora!
Tento sem resultado
cortar as raízes, agora,
que antes tinha abrigado.
Começo, então, a sofucar...
Perigosa!
Perco as forças para lutar...
Cada centimetro de mim
está alojado numa daninha sem fim...
Ou será ao contrário?
?
Quem sou eu?
Ahhhh... Sim!
Sou um pequeno ser,
numa imensa criatura.
Que estou a fazer?
Aguardo!
Vejo o tempo passar...
Preparo-me para germinar...


Ricardo Goulart Sousa
Ericeira
22 de Agosto 2007